
A mensagem final de Horikoshi em My Hero Academia foi ofuscada por uma narrativa de poder
O fim de My Hero Academia, que chegou ao capítulo 430 em 5 de agosto de 2024, deixou muitos fãs com uma sensação agridoce. Embora a maioria tenha aceitado bem o desfecho da história, nem todos conseguiram captar a profundidade da mensagem deixada por Kohei Horikoshi, o criador da obra.
Com tantos personagens únicos e bem desenvolvidos, o encerramento ofereceu momentos de celebração, nostalgia e emoção.
Ainda assim, o verdadeiro recado final – o coração da obra foi abafado por uma interpretação rasa da dinâmica de poder. Especialmente no caso do protagonista, Deku, o foco excessivo na força física desviou o olhar do que realmente importava.
O novo traje do Deku, ao invés de ser visto como um símbolo de apoio e legado, foi tratado por muitos como um artifício para restaurar sua relevância em um mundo onde ele perdeu seus poderes. Mas será que é isso mesmo?
O novo traje do Deku no final de My Hero Academia não é o que os fãs pensam
No capítulo final, Deku aparece com um novo uniforme chamado “Traje OMEGA” presenteado por seus colegas da Classe 1-A, pelo All Might e, principalmente, por Bakugo.
Após perder seus poderes, esse traje foi construído com a mais alta tecnologia disponível, inclusive superando a famosa armadura de combate Hércules do All Might. Mas diferente do que muitos pensam, esse traje não foi criado para substituir os poderes perdidos de Deku.
Na verdade, ele simboliza algo muito mais poderoso do que qualquer individualidade: a união, a confiança e o respeito construído ao longo de toda a jornada. Cada detalhe do traje carrega elementos das peculiaridades dos seus amigos, o que representa um Deku que transcende o próprio conceito de Quirk.
Ele agora é um herói que carrega dentro de si os valores e as forças de todos que estiveram ao seu lado. O traje do Deku, nesse sentido, é uma manifestação física de pertencimento e legado – não de dependência.
Deku at the end of the series:
– saved the world
– beat the McDonald’s allegations (becomes a teacher in the no 1 academy in Japan)
– brought hope & became an inspiration to the next generation
– got a high tech suit as a gift from his idol & friends & became a hero again… pic.twitter.com/rX4TsgUT7M— VishalSid (@VishalSid_1) August 3, 2024
O mal-entendido da comunidade: quando o poder fala mais alto que o coração
A confusão começou quando muitos fãs passaram a enxergar o traje como uma “muleta”, algo que Deku precisava usar para continuar sendo um herói, já que agora ele está “inferior” aos outros em termos de poder.
E é aí que mora o perigo. Essa visão revela o quanto o fandom foi capturado pela lógica da força, esquecendo o cerne emocional e filosófico da série. O próprio All Might já havia usado uma armadura semelhante para intensificar sua performance em momentos críticos não por fraqueza, mas por necessidade estratégica. Da mesma forma, o traje de Deku não é um pedido de socorro.
É um presente, uma extensão de quem ele é, e de quem ele se tornou através de cada queda, cada luta, cada amizade. A verdadeira mensagem é clara: o poder não define o herói. A coragem, sim. E isso, infelizmente, foi ignorado por uma parte considerável dos fãs que ainda se prendem a um paradigma raso de força bruta como medida de valor.
A filosofia por trás do traje de Deku: mais do que uma armadura, um manifesto
Kohei Horikoshi nunca escreveu My Hero Academia como uma história sobre “o mais forte vence”. Desde o início, a série se apoia em um ideal quase romântico: qualquer um pode ser um herói. A introdução de Deku como um garoto sem Quirk e sua evolução até o final, mesmo perdendo novamente sua individualidade, reforça isso com força simbólica.
O traje final não é só um upgrade tecnológico; é a assinatura coletiva de todos que acreditam em Deku, um lembrete de que ele nunca esteve sozinho. Esse traje é, ao mesmo tempo, uma homenagem e um manifesto.
Ele grita silenciosamente que o espírito heróico está além da força. Está na empatia, no sacrifício, na persistência em fazer o bem mesmo sem garantias de sucesso. E essa é a essência que Horikoshi tentou preservar até a última página. Quem focou apenas na mecânica do traje, perdeu a alma da narrativa.
#MHA430 tonight, we say goodbye to Class 1-A. It’s been an amazing ride #ThankYouKoheiHorikoshi pic.twitter.com/zWkSZpr3Lc
— GarmadorkTV (@Piratehuntchris) July 31, 2024
“Qualquer um pode ser um herói” — ainda é a mensagem mais ignorada de My Hero Academia
O ponto central da obra sempre foi e continua sendo a acessibilidade ao heroísmo. Deku, mesmo sem poderes, continua de pé, com um novo traje, sim, mas também com a mesma chama no olhar.
O traje do Deku não é a solução para sua falta de Quirk é a prova de que ele não precisa de um para continuar sendo o que é. Se o fandom ignorou isso, talvez seja porque estamos tão condicionados a ver força como sinônimo de protagonismo que esquecemos a força das ideias. My Hero Academia termina como começou: com um garoto comum acreditando que pode mudar o mundo.
E, ironicamente, muitos fãs ainda não entenderam que esse foi o ponto o tempo todo. A provocação aqui é simples e direta: você também está tão preso à lógica de poder que se esqueceu de ouvir a mensagem? Ou será que ainda há tempo para enxergar o herói que existe dentro de cada um de nós?
Conclusão: O traje do Deku é mais sobre você do que você imagina
No fim das contas, o traje do Deku não foi feito apenas para ele. Foi feito também para nós leitores, sonhadores, guerreiros da vida real. Ele é o reflexo de uma jornada em que o apoio, a amizade e a perseverança têm mais peso que qualquer superpoder.
E se você chegou até aqui, talvez também tenha sentido o chamado de Horikoshi para não desistir, para continuar mesmo sem os “poderes ideais”, confiando em sua essência. Essa é a verdadeira mensagem do fim de My Hero Academia. Se você concorda (ou discorda), comenta, compartilha, briga, vibra mas não fica indiferente. Porque esse é o tipo de história que cutuca o que há de mais humano em nós.
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